Centro de Memória Operária de Sorocaba promove passeio junto aos estudantes do Instituto Federal de São Paulo
por
Kamila Cristiane Vigarani do Nascimento
Giuliana Cristine Vieira Silva
Na manhã de 16 de setembro de 2023, os estudantes do curso de Pedagogia e do
Ensino Médio do Instituto Federal - Câmpus Sorocaba (IFSP) se reuniram no centro
de Sorocaba para participar de um passeio histórico-cultural coordenado pelo
historiador Carlos Carvalho Cavalheiro e pela artista Flávia Aguilera do Centro de
Memória Operária de Sorocaba.
O ponto de partida do passeio ocorreu em frente ao Mercado Municipal. Ali
Cavalheiro falou sobre o conceito de memória e mostrou como patrimônios
históricos podem ser lugares produtores de memórias, ao mesmo tempo que podem
ocultá-la, especialmente aquelas construídas pelas camadas populares.
Posteriormente, os estudantes conheceram outros pontos da cidade como o local
onde existia a igreja de Santo Antônio, a praça Cel. Fernando Prestes e o antigo
Centro Espírita União, fundado em 1924. Além disso, o prédio dos Correios de
Sorocaba, onde anteriormente se encontrava o prédio da Câmara e Cadeia,
também foi uma parada.
Usando aquela construção como exemplo, o historiador demonstrou que
monumentos podem ser evocativos e catalisadores de memórias, podendo ser
elaborados e posicionados de maneira estratégica para perpetuar ou apagar pontos
de vistas sobre os mesmos fatos e lembranças. Essa realidade tornou-se evidente
na placa do local, destinada a comemorar o Centenário da Abolição. Nessa placa,
de difícil visibilidade, os nomes da elite estão em letras garrafais, enquanto o texto
sobre o fato histórico que menciona a libertação antecipada dos escravizados
aparece em letras miúdas e pouco destacadas.
Posteriormente, o monumento em homenagem ao Baltazar Fernandes foi analisado.
Cavalheiro destacou as contradições entre a imagem imponente do bandeirante no
topo e as placas na parte inferior que minimizam a importância dos trabalhadores na
história do município. Uma dessas placas retrata a industrialização, mas destina o
povo de forma diminuída na representação da figura humana. Assim, a placa passa
uma impressão de, como o próprio professor disse, “A cidade das indústrias, mas
não dos trabalhadores”. No entanto, o historiador enfatizou a importância desses
monumentos como espaço de questionamento da narrativa oficial, que invisibiliza
outros agentes históricos, como mulheres, negros, povos originários e operários.
Por fim, os participantes se reuniram na Praça Frei Baraúna, onde existe um
Obelisco que homenageia os soldados sorocabanos que participaram da Segunda
Guerra Mundial. Reunidos na praça, que foi e continua sendo palco de diversos
movimentos artísticos, como a Feira do Beco do Inferno e um Happening em 1966,
os alunos conheceram um pouco do trabalho da artista Flávia Aguilera. O passeio
teve seu fim nas ruínas do que já foi a casa de uma operária chamada Anna, uma
figura distinta que chamou a atenção da artista inicialmente por ter escritos na
parede de sua casa e que, por fim, se tornou fonte de pesquisa e inspiração para a
elaboração de um diário relatando as interações de Flávia com dona Anna. A partir
desse encontro, os alunos puderam conhecer narrativas diferentes sobre mulheres,
a vida operária e a cidade em si. Afinal, conhecer os trabalhadores também significa
conhecer a cidade.
Kamila Cristiane Vigarani do Nascimento
Giuliana Cristine Vieira Silva
Na manhã de 16 de setembro de 2023, os estudantes do curso de Pedagogia e do
Ensino Médio do Instituto Federal - Câmpus Sorocaba (IFSP) se reuniram no centro
de Sorocaba para participar de um passeio histórico-cultural coordenado pelo
historiador Carlos Carvalho Cavalheiro e pela artista Flávia Aguilera do Centro de
Memória Operária de Sorocaba.
O ponto de partida do passeio ocorreu em frente ao Mercado Municipal. Ali
Cavalheiro falou sobre o conceito de memória e mostrou como patrimônios
históricos podem ser lugares produtores de memórias, ao mesmo tempo que podem
ocultá-la, especialmente aquelas construídas pelas camadas populares.
Posteriormente, os estudantes conheceram outros pontos da cidade como o local
onde existia a igreja de Santo Antônio, a praça Cel. Fernando Prestes e o antigo
Centro Espírita União, fundado em 1924. Além disso, o prédio dos Correios de
Sorocaba, onde anteriormente se encontrava o prédio da Câmara e Cadeia,
também foi uma parada.
Usando aquela construção como exemplo, o historiador demonstrou que
monumentos podem ser evocativos e catalisadores de memórias, podendo ser
elaborados e posicionados de maneira estratégica para perpetuar ou apagar pontos
de vistas sobre os mesmos fatos e lembranças. Essa realidade tornou-se evidente
na placa do local, destinada a comemorar o Centenário da Abolição. Nessa placa,
de difícil visibilidade, os nomes da elite estão em letras garrafais, enquanto o texto
sobre o fato histórico que menciona a libertação antecipada dos escravizados
aparece em letras miúdas e pouco destacadas.
Posteriormente, o monumento em homenagem ao Baltazar Fernandes foi analisado.
Cavalheiro destacou as contradições entre a imagem imponente do bandeirante no
topo e as placas na parte inferior que minimizam a importância dos trabalhadores na
história do município. Uma dessas placas retrata a industrialização, mas destina o
povo de forma diminuída na representação da figura humana. Assim, a placa passa
uma impressão de, como o próprio professor disse, “A cidade das indústrias, mas
não dos trabalhadores”. No entanto, o historiador enfatizou a importância desses
monumentos como espaço de questionamento da narrativa oficial, que invisibiliza
outros agentes históricos, como mulheres, negros, povos originários e operários.
Por fim, os participantes se reuniram na Praça Frei Baraúna, onde existe um
Obelisco que homenageia os soldados sorocabanos que participaram da Segunda
Guerra Mundial. Reunidos na praça, que foi e continua sendo palco de diversos
movimentos artísticos, como a Feira do Beco do Inferno e um Happening em 1966,
os alunos conheceram um pouco do trabalho da artista Flávia Aguilera. O passeio
teve seu fim nas ruínas do que já foi a casa de uma operária chamada Anna, uma
figura distinta que chamou a atenção da artista inicialmente por ter escritos na
parede de sua casa e que, por fim, se tornou fonte de pesquisa e inspiração para a
elaboração de um diário relatando as interações de Flávia com dona Anna. A partir
desse encontro, os alunos puderam conhecer narrativas diferentes sobre mulheres,
a vida operária e a cidade em si. Afinal, conhecer os trabalhadores também significa
conhecer a cidade.
Fotos do evento:
Redes Sociais